“A análise da evolução histórica dos números negativos mostra que por
muito tempo não houve necessidade de pensar em números negativos e por isso a
concepção desses números representou para o homem um grande desafio. O uso
pioneiro dos números negativos é atribuído aos chineses e aos hindus, que
conceberam símbolos para as faltas e diferenças (dívidas). A adoção do zero
teve um papel-chave na construção dos inteiros, possibilitando operar com
grandezas negativas, mudando o caráter de zero nada para zero origem,
favorecendo, assim, a ideia de grandezas opostas ou simétricas.” (Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN’s), p.97).
Além das situações do cotidiano os números negativos também surgiram no
interior da Matemática na resolução de equações algébricas. No entanto, sua
aceitação seguiu uma longa e demorada trajetória. Só no século XIX os negativos
foram interpretados como uma ampliação dos naturais e incorporam as leis da
Aritmética. Passaram então a integrar a hierarquia dos sistemas numéricos como
números inteiros.
Também na escola o estudo dos números inteiros costuma ser cercado de
dificuldades, e os resultados, no que se refere à sua aprendizagem ao longo do
ensino fundamental, têm sido bastante insatisfatórios.
A fim de auxiliar a escolha de caminhos mais adequados para abordar os
inteiros, é importante reconhecer alguns obstáculos que o aluno enfrenta ao
entrar em contato com esses números, como conferir significado às quantidades
negativas; reconhecer a existência de números em dois sentidos a partir de
zero, enquanto para os naturais a sucessão acontece num único sentido.
Porém, segundo Sá e Anjos (2011), a trajetória histórica dos números
pode ser dividida em duas categorias: uma que tem sua origem por motivação
externa ou das atividades de contagem e medida e outra que tem sua origem
interna ou das necessidades da própria matemática.
Os números naturais e as frações têm sua origem das atividades de
contagem e medida, o que talvez tenha levado os membros da escola pitagórica a
postularem que na natureza tudo é número devido acreditarem que tudo podia ser
contado, logo atribuído um número, e que a qualquer medida também se poderia
atribuir um número ou uma razão entre números. Essa crença foi abalada com a
descoberta das grandezas incomensuráveis o que fez a matemática grega
privilegiar o estudo da geometria em detrimento da aritmética como fonte de
rigor para as verdades matemáticas.
Os números negativos, os irracionais e os complexos têm sua trajetória
originada nas necessidades da própria matemática, mais particularmente das
manipulações algébricas.
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